STUDIO 33 EM FOCO: Papo com o Artista - Allef Heberton
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Papo com o Artista - Homenagem a Jô Pinto por Allef Heberton

 Oi oi Gente, como vocês estão?

Hoje tirei esse dia para parabenizar um dos homens mais importantes para a perpetuação da história e valorização dos artistas Itinguenses. Meu tio, Jô Pinto.

 Falar de Jô Pinto é falar de cultura, é falar do nosso povo, da nossa arte e da nossa identidade. Me sinto feliz por estar aqui tendo a possibilidade de homenagear um artista, que também é meu tio, e que trabalha tanto por nossa cultura. Se passarmos os olhos pelos cantinhos de Itinga, veremos o barro sendo moldado, a madeira sendo esculpida, o crochê formando ondas, o coral ecoando os cantos de minas, o teatro levando alegria, os escritores demonstrando seus corações nas mais belas palavras, os músicos expressando as suas artes, os desenhistas rabiscando a imaginação de todos, como um só, sendo arte. E Jô está presente neles.

Arquivo pessoal Jô Pinto
Não seria difícil falar daquele que dá a cara a tapa por suas histórias, e que, por muitos anos, se transformou em um livro vivo, pronto para dar qualquer informação sobre a formação da nossa cidade, sobre como começamos e por onde começamos. Ama tanto Itinga que se dedica a isso.

Jô é poesia, é resistência, é militância, é coração, é Gruti, é coral água branca, é festivale, é Memórias de Itinga, é a turminha da Feliciana e é autenticidade. Jô é lembrado hoje, por tudo que faz, e futuramente continuará sendo. E eu, como um bom sobrinho, sigo seu caminho.

Que você tenha muitos e muitos anos de vida, e que as gerações amem a nossa cidade como você ama. Toda felicidade para você! Que Deus abençoe sua vida e trajeto!

Papo com o Artista - "Um dedim de prosa" - Jaíne Rocha

 Por Allef Heberton - Colunista do Studio 33 Em Foco


Oioi Gente, como vocês estão? Eu estou ótimo.

No papo com o artista de hoje, eu trago uma entrevista com Jaíne Rocha, que é Analista de sistemas e nas horas vagas se dedica a música e a cultura.

Foto Arquivo pessoal Jaine Rocha
 Jaíne Rocha, você é uma das violonistas, se não, a violinista mais ativa na cultura Itinguense. De onde surgiu esse amor pela arte?

Surgiu quando eu ia a missa. Eu ficava observando as pessoas tocando e ali eu senti interesse em aprender. Eu tive meu primeiro violão com 6 anos e com 12 eu aprendi tocar com Silvano (in memoriam). Era um amigo de meus pais, e passava aqui 1 vez por semana por 30 minutos. Fui muito dedicada, acho que o segredo está aí.

Você não segue um padrão musical, segue ali aonde as pessoas pedem para você se encaixar. Vai da igreja aos shows ao vivo. Para você, existe diferença entre cada lugar que você toca?

Não existe diferença. Obvio que são situações diferentes, mas isso tem mais a ver com o que cada local passa para gente. Na igreja a gente usa a música para se conectar com Deus, para refletir. Na rua, as pessoas usam para distração, diversão.

Qual a maior dificuldade encontrada na nossa cidade na hora de você executar seu trabalho de música?

Som de qualidade (ponto). Não tem uma pessoa que se dedicou a investir nisso de verdade. Temos que nos virar para entregar qualidade para o público

 Nós, artistas, somos desvalorizados em diversas situações. Você já se sentiu injustiçada em algum momento de sua carreira?

Com toda certeza, principalmente em eventos grandes. Quem é de fora é visto como “artistas de verdade”. Recebem mais, não são questionados sobre preço. Uma das poucas coisas que está começando a ter mais valor é o teatro, do qual eu faço parte como violonista, mas ainda estamos começando a ser valorizados

Foto Arquivo pessoal Jaine Rocha
 Além de artista você é design. É mais fácil estar na frente do computador ou estar com um violão nos braços?

Violão, claro.

Bate bola, jogo rápido

 Tocar na igreja ou tocar na praça?

Igreja

Paixão de Cristo ou Estrela de Belém?

Paixão de Cristo

Computador ou Violão?

Violão

Aparecer diante as câmeras ou ficar por trás delas?

Por trás, mas quando tem oportunidade eu apareço (gargalhada)   

Foto: Jô Pinto
 Qual é a Itinga cultural que você quer para o seu futuro?

Uma Itinga que enxergue seus artistas como artistas de verdade. Uma Itinga que profissionalize os jovens na área. Tem muita gente que gosta de música, de violão, mas não tem oportunidade ou condições de aprender a tocar. Acho que seria interessante termos isso aqui de graça para o povo, como um investimento.

HISTÓRICO DA USINA HIDRELÉTRICA MUNICIPAL “ PREFEITO JOSÉ GUSMÃO”

Por Allef Heberton - Colunista do Studio 33 Em Foco

Pesquisador: José Claudionor dos Santos Pinto ( Jô Pinto -) , em 2019

A existência da Usina Hidrelétrica Municipal de Itinga, tem ligação com a fase de industrialização no século XIX, quando as águas do ribeirão Água Fria, serviu para funcionalidade da Fábrica de Tecido “PEREIRA MURTA E COMPANHIA ITINGA DO JEQUITINHONHA”.

Foto: Gilvan Gonçalves

A produção têxtil em Itinga foi idealizada pelo Comendador Candido Freire de Figueiredo Murta, Deputado Geral, e do Major João Antonio da Silva Pereira, em 1880, para aproveitar o algodão que existia em abundância na região, principalmente em Itinga, São Domingos (hoje Virgem da Lapa) e Lufa (hoje distrito de Novo Cruzeiro). Para que esse ideal, foi preciso reunir outros cidadãos da vila e criaram a “Sociedade dos Filhos de Itinga” e importaram da Europa, precisamente da Bélgica, pesadíssimos maquinários (80 Teares, dois Gomadores de 1000 kg e outros).

Foto: Gilvan Gonçalves

A denominação desta fábrica “ PEREIRA MURTA E COMPANHIA ITINGA DO JEQUITINHONHA” foi uma alusão ao sobrenome dos fundadores e a sociedade que tornou possível a realização desta.

Em 1904 a fábrica diminui sua produção e começou a entrar em crise, mas em 1908 o Barão de Paraúna, importante comerciante de diamantes, da cidade de Diamantina entra como acionista da fábrica com um capital de 280 contos e 27 operários. Esses investimentos ajudaram a fábrica a retomar seu curso de produção. Porém em 1928 houve uma grande enchente, que destruiu a parte baixa do distrito e o ribeirão água fria encheu de forma surpreendente e danificou as máquinas da fábrica, além disso a morte do major João Antonio da Silva, grande incentivador da fábrica e a falta de incentivo do poder público do município de Araçuaí proporcionou o colapso inevitável da fábrica.

Foto: Gilvan Gonçalves

As valiosas máquinas foram enferrujando e assim o funcionamento da fábrica de tecido estagnou, afetando drasticamente o progresso do Arraial. Alguns teares foram vendidos para o empresário Antonio Mendes Campos e transportados para Pirapora no norte de Minas, era o fim de um sonho.

Porém fato das águas do Ribeirão, ter impulsionado o funcionamento da fábrica, observando os estudos da mesma, motivou os políticos da cidade, acreditarem que seria possível a construção de uma pequena usina hidrelétrica para abastecer o município, neste mesmo local da antiga fábrica de tecidos.

Foto: Gilvan Gonçalves

Desta maneira no primeiro Prefeito de Itinga, de Precillo Gusmão, através do decreto nº 12 de 1944 de 30 de Setembro/1944, autorizando estudos na cachoeira do Mateus, no Ribeirão Água Fria, para a implantação de uma Usina Hidrelétrica. Foram contratados engenheiros e topógrafos que fizerem este estudo, mas o alto custo da obra inviabilizou a continuidade do projeto.

Enquanto que no governo do Prefeito Cristiano Lages, foi realizado um novo estudo no Ribeirão Água Fria. Em dezembro de 1948 deu-se início a construção da usina Hidrelétrica, na cachoeira do Matheus, no Ribeirão Água Fria, uma das primeiras do Vale do Jequitinhonha, construída apenas a estrutura da Usina neste governo.

Foto: Gilvan Gonçalves

No governo do Prefeito Nilo Barbuda, em 1953, é adquirida as máquinas para serem instaladas na Usina Hidrelétrica. Demorou treze anos este processo de aquisição e instalação , ocorrendo a inauguração no governo do Prefeito José Moacyr Versiani Gusmão, em 02 de setembro de 1956 , com a designação de “Usina Hidro Elétrica Municipal Prefeito José Gusmão”.


A usina passou a ser a menina dos olhos de Itinga, com energia própria, no qual a população chamava de “lusinha da barragem”, devido não ser tão potente.

A história da usina hidrelétrica está ligada a família de Clemente Mendes de Souza.

Desta forma é perceptível o momento histórico da industrialização de Itinga, iniciada no século XIX, com a fábrica de tecidos, que sucede já no século XX a geração de energia elétrica, aproveitando o recurso natural que havia naquela época.

Foto: Gilvan Gonçalves

Porém o elo de relação de trabalho e vínculo de convivência com o espaço atribuído entre a família que residia naquele local e cuidava da usina , até ao abastecimento de energia para toda população, devem ser entendidos como espaços de memória. Mesmo diante do processo de desindustrialização e a perda de suas funções originais favoreceu para que esta usina tornasse obsoleta.

Mesmo sabendo que o tombamento por si só, não garante a conservação do bem, mas é capaz de assegurar a memória coletiva e impedir o seu desaparecimento.


Lembranças de uma infância - Papo com o Artista

Por Allef Heberton - Colunista do Studio 33 Em Foco

Oioi, Gente.

Eu estava aqui olhando pra rua onde eu cresci. Na minha memória, as lembranças mais doces de uma infância recheada de brincadeiras e diversão. 
A rua Prefeito Cristiano Lages, sempre foi conhecida como "A rua de baixo", o lugar ideal para as crianças e jovens brincarem sem receio. 
Brincadeira de Rua - Queimada - Itinga-MG


Eu cresci ao lado da casa de Darlene, com seus 4 filhos: Fah, Taffa, Bela e Réh, de idades parecidas com a minha. A gente, na nossa infância, era a personificação da criança com todos os seus atributos, desde a inocência até a "malineza". Vivíamos, nós 5, mais uma porção de jovens que não moravam na rua, mas desciam para apront.. Brincar com a gente. Amávamos jogar queimada, rouba bandeira, sete cacos, pau na lata e esconde-esconde. Éramos os Power Ranger, que protegiam o quintal. Numa dessas, Taffa acertou o olho de Bela com um golpe de uma arma voadora. Foi nossa aposentadoria.
Brincadeira de Rua - Sete cacos - Itinga-MG

 A nossa diversão favorita era bater na porta dos outros e sair correndo. Pedro Paulo era o chefe da gangue, não tinha uma casa que escapava dele. "Pega o lê" "iiii doid" "CÓrrrrr, que lá vem fulano". Ah, se Bela e Pedro fossem as crianças que eram no passado, hoje, não tinha um jegue na rua. Eles corriam com todos.
Brincadeira de Rua - Itinga-MG


Dessa porta vejo minha rua e os vizinhos tão silenciosos. Sinto a falta dos gritos das crianças e dos adolescentes. Em um passado não tão distante, as pessoas interagiam olhando nos olhos, se abraçando de verdade, brigando e fazendo as pazes com a mesma velocidade.
Crianças reunidas para as brincadeiras de Rua - Itinga-MG

As brincadeiras de rua marcam para sempre a vida de quem está nelas. Ali criamos laços para sempre, seja de afeto ou de respeito. Incentivem os seus filhos, irmãos e amigos a serem livres de verdade. A brincarem, se sujarem de terra, a não terem medo de cair. Eles irão crescer adultos como eu, felizes, com um passado que me tira sorrisos e com histórias para contar. 
Brincadeira de Rua -  Itinga-MG


OBS: Fotos das brincadeiras antes da pandemia


Falando em histórias, me contem um pouco da sua infância. Tem alguma coisas nessas brincadeiras que vocês queiram relatar?

Papo com o Artista - "Um dedim de prosa" - Anna Caroliny

Por Allef Heberton - Colunista do Studio 33 Em Foco

 Oi oi gente

Nessa semana eu trago para vocês, uma entrevista com  Anna Caroliny. Ela é atriz, e vem desempenhando há alguns anos um dos papéis mais importantes para o teatro religioso de Itinga. Maria, a mãe de Jesus. Anna, participa do grupo teatral Itinguense - GRUTI e , desde então, sempre se fez ativa em todos os eventos culturais do município.

Paixão de Cristo 2019 - Foto Jô Pinto

Como você descobriu a arte de nossa cidade e como você começou a fazer parte dela?

Descobri através do grupo de teatro. Foi um “amor a primeira vista” . Me apaixonei pelo teatro, participei de peças, oficinas e me coloco sempre a disposição da nossa arte

Nos últimos anos você se tornou integrante do grupo teatral Itinguenses - GRUTI, participou da segunda montagem da morte do palhaço. Como foi a sua experiência?

Foi incrível. Foi a primeira peça que apresentamos, o primeiro contato com o público e também tivemos o prazer de levar nosso teatro para outras cidades  Tenho um carinho muito grande por ela e por cada personagem, sem contar em todos os momentos de aprendizagem e ensaios divertidos que tivemos. São momentos inesquecíveis.

A morte do palhaço. Foto assessoria de comunicação - UFVJM
Anna, você tem um dos papéis mais importantes para o teatro religioso do nosso município. Há 4 anos você faz Maria na Paixão de Cristo e na Estrela de Belém. A responsabilidade aumenta?

Com certeza, aumenta sim. É um papel muito importante.

A responsabilidade é dobrada e sempre procuro dar o melhor de mim. Sempre vejo o público com muita expectativa, porque as pessoa sempre esperam o teatro da Paixão de Cristo. Dar a cara para fazer Maria é algo desafiador e muito gratificante. Tudo é feito com muito amor.

Foto arquivo pessoal Anna Caroliny

Você participa de forma efetiva da cultura. É atriz, mas sempre esteve disponível na produção. Olhando para seu primeiro espetáculo e para o filme que foi lançado recentemente por causa da pandemia. Você acredita que a emoção seja a mesma?

A emoção é sempre como se fosse a primeira vez. Um frio na barriga, o coração palpitando, um sentimento tão gostoso que não cabe no peito. É uma experiência nova e única a cada apresentação. O teatro é um local onde não precisamos nos reprimir, onde todas as emoções podem ser expostas. Se precisar chorar, a gente chora. Se precisar sorrir, a gente sorrir.

Foto Rayssa Manson

Qual sua expectativa para o futuro da nossa cultura? 

Para o futuro da nossa cultura eu espero um reconhecimento e apoio maior da sociedade ainda nos encontramos em um cenário pandêmico que nos impedem de fazer algumas coisas como teatro e oficinas. Que o futuro pós-pandemia seja repleto de projetos e que a nossa cultura cresça e a arte seja ainda mais valorizada.

Foto Allef Heberton


Estórias que o povo conta

  Por Allef Heberton - Colunista do Studio 33 Em Foco

Quem aí acredita em mula sem cabeça, bicho da fortaleza ou o menino da carneira? 

Todos nós já escutamos histórias e estórias de eventos sobrenaturais que aconteceram, sejam por nossos avós, um conhecido,  ou com os amigos nas calçadas. Eu saia arrepiadim, cada vez que escutava um "caso". Por isso, hoje venho trazer para vocês as estórias que o povo conta, aqui na nossa cidade!


Imagem da internet

O homem quem vendeu a alma para o diabo. 

Um dia eu fui até a casa de Mestre Ulisses Mendes, para uma entrevista. Num certo momento, Ulisses começou  contar a história desse homem, e afirmou: "O caso aconteceu aqui e a sua família mora na cidade até hoje!".

Vamos chama-lo de Cícero.

Cícero morava numa zona rural e trabalhava na roça, era casado e muito batalhador. Só que um dia ele surtou e disse que estava cansado de trabalhar no sol quente, entregar leite e capinar chão, então ele foi atrás de uma árvore que segundo os mais velhos da época, era milagrosa. No dia que ele encontrou essa árvore, ele se ajoelhou debaixo dela e pediu pro diabo. "Ô diabo, ce ocê fizer ieu rico, ieu vendo minha alma pro cê. Minha alma não, minha alma e meu corpo". Mais tarde na hora do almoço, Cícero sentiu uma dor de barriga e saiu correndo para fazer as necessidades no mato,  antes de achar a moita, ele trupicou e voltou para trás, pra ver o que era aquilo, e pasmem, uma pedra preciosa. Esse homem tirou a pedra e quando levantou, viu que tinha eram muitas no local. Pronto, o diabo tinha o atendido. Cícero ficou rico, só que junto veio a arrogância e a maldade. Vivia maltratando a mulher e os empregados. Ele chegou a comprar quase todas as terras ao redor da sua, menos uma, porque o dono se negou a vender. Um dia, ele disse que ia lá na casa desse senhor, porque ele não podia ser contrariado. Na hora que ele entrou na estrada, apareceu  um homem muito bonito e bem vestido, chamando seu nome. Cícero respondeu e questionou quem era. O homem respondeu que ele tinha vindo cobrar a dívida, mas Cícero disse não se lembrar dele e nem de dívida  alguma. O moço se virou para o lado, e quando olhou de volta, seu rosto parecia uma carranca. Ele disse que era o diabo e que tinha vindo pessoalmente o buscar. Cícero questionou um pouco, mas não tentou fugir. O diabo então transformou o seu corpo em um cavalo com a frente humana. Cícero montou nele e nunca mais foi visto...

Foto: Allef Heberton

Que medo! Não é bom arriscar sair pedindo coisas por aí. A cobrança pode vir a cavalo (literalmente). Ah, esse causo virou espetáculo pelo grupo teatral Itinguense - GRUTI.

Aproveitando que a quaresma acabou (porque é bom não arriscar), vou começar contando as lendas que acontecem durante os 40 dias. Segundo contam, uma mulher aparece vagando pela ruas de Itinga, nua, com uma trouxa na cabeça. Dizendo que, toda vez que prendiam ela, ela saia da cela sem abrir a porta. Enquanto isso em outros bairros, uma barrica rolava pelas ruas, fazendo barulhos de correntes sobre o chão, juntamente de cachorros que não paravam de latir. Algumas pessoas saiam nas janelas para ver que barulho era esse, mas não enxergavam nada. Outros viram a mula sem cabeça pulando e sumindo do nada

fonte: Memória de Itinga, Jô pinto

Eu poderia ficar aqui contando mais e mais causos pro cês, mas aí eu não ia deixar vocês com medo em outros dias. Enquanto eu preparo mais historinhas, contem as coisas sobrenaturais que já aconteceram com vocês ou as histórias que vocês já ouviram. Estarei aqui lendo tudo.

 Abraços e até a próxima!

Papo com o Artista - "Um dedim de prosa" - Padre Adilson

Por Allef Heberton - Colunista do Studio 33 Em Foco

Em mais um ano atípico, onde os fiéis celebrarão de casa a semana Santa, trago Padre Adilson. Pároco da nossa cidade, homem trabalhador e um humano de coração enorme, que vem trazer sua visão de pandemia, e  uma mensagem de conforto para todos que enfrentaram esse vírus. Diante de todas as dores que passamos há mais de um ano, esperamos com fé e confiança que tudo isso passe e que a gente consiga voltar a fazer o que mais amamos.

Foto: Arquivo pessoal Padre Adilson

Boa noite, Padre Adilson. Há quantos anos você é pároco da nossa cidade e como foi a receptividade das pessoas para com o senhor?

Meus cumprimentos a você Allef e todos os que estão tendo acesso a essa matéria! Primeiramente agradeço pelo convite e a oportunidade de poder participar desse tão importante meio de divulgação da história e cultura de Itinga. Parabéns a todos os responsáveis pela iniciativa em difundir os acontecimentos históricos e culturais de nossa tão amada cidade.

Cheguei em Itinga em 19/03/2017. Dom Marcello Romano, o então bispo da Diocese de Araçuaí me designou para cá, com a função de administrador paroquial. Em 2018, foi então que recebi da Diocese a provisão de pároco. Com isso, estou como pároco desta paróquia há três anos e dois meses. Umas das características marcantes do povo mineiro é a hospitalidade. Digo com muita tranquilidade que fui muito bem recebido pela comunidade católica de Itinga.

 Itinga tem um povo muito acolhedor. Aproveito deste momento para agradecer a todos os itinguenses pela hospitalidade, acolhida e cuidado manifestado para comigo.

Foto: Arquivo pessoal Padre Adilson

O senhor no meio da sua trajetória paroquial, se deparou com uma pandemia que fez tudo no mundo mudar. Entramos no segundo ano de covid e a igreja precisou se adaptar as novas normas. Como foi esse processo?

Sou padre há cinco anos e esta é a minha primeira experiência com pároco. Portanto, não passei por pandemia alguma a não ser essa de 2020. Ela está nos obrigando a mudar muitos hábitos no nosso estilo de vida. Exigindo de cada um de nós adaptações às novas maneiras de viver e conviver. Todos os setores da sociedade foram obrigados a sujeitarem-se as imposições da pandemia. De modo especial ao isolamento social para frear um pouco a disseminação do vírus. Com a igreja não foi diferente. Tivemos que Fechá-la, para evitar a circulação de pessoas e consequentemente do vírus. Diante disso nossas celebrações ocorreram de forma restrita, somente com a presença da equipe de celebração.  Confesso que foi uma experiência muito difícil ver a Igreja vazia. Para não deixar o povo abandonado tivemos que nos valer dos meios de comunicação sociais para transições de nossos momentos de orações. Porém, não tínhamos e ainda não temos os aparelhos adequados para realização de tão tarefa. A começar pela internet que era de poucos megas, o que tínhamos era somente para as atividades normais da paróquia. Com esforço e dedicação dos garotos: Felipe, Ítalo começamos nossas transições. Hoje já conseguimos realizar tal tarefa de forma mais eficaz. Com alguns investimentos e dedicação de Mateus e Paulo a pastoral da comunicação foi ganhando forma (Pascom). As transições ganharam uma melhor qualidade. No início, transmitíamos somente por meio de celular. Hoje já se usa um programa UBS no notebook, O que facilita muito os trabalhos. Ainda temos muito que investir, falta muitos recursos. Praticamente todos os aparelhos utilizados para a transmissões são emprestados. Temos muito ainda o que investir. Estamos pensando em fazer uma promoção, para angariar recursos para aquisição de aparelhos adequados que facilite os trabalhos.

Falando em pandemia, iniciamos as celebrações da Semana Santa em nossa cidade em um ano atípico. O que a igreja está fazendo para suprir a falta de missas e da celebração da Paixão com a presença das pessoas nessa semana?

Para manter o vínculo da fé, estamos incentivando e orientando as famílias a transformarem suas casas em pequenas igrejas domésticas. Estávamos perdendo o costume de rezar em família. A pandemia está nos ajudando a retomar a essa prática tão fundamental na vida das nossas famílias.  A cada celebração do mistério pascal de Cristo, pedimos às famílias de nossa paróquia  que preparem suas casas com os símbolos que caracterizam aquela celebração específica e que rezem conosco nos acompanhando  através dos meios de comunicação.

 Muita gente usa Deus para falar sobre a pandemia. Usam frases como "castigo", falam sobre profecias e até sobre um desfile de escola de samba para encontrar uma justificativa. O que o senhor acha de tudo isso?

A pandemia do novo coronavirus não é a primeira a surgir no mundo. Ao analisarmos a história, percebemos que já existiram outras pandemias na história da humanidade e que, ceifaram muitas vidas.  Por exemplo, no século 14, houve a peste negra na Europa que matou mais de 200 milhões de pessoas. Isto não atingiu o mundo todo porque a globalização estava no seu início. Diante disso, não posso afirmar que a covid 19, seja um castigo de Deus, até porque, se isso fosse verdade, eliminaríamos de Deus a sua dimensão misericordiosa para com os seus filhos e filhas. Agora, acredito que tudo que acontece na história tem um por quê. Particularmente penso que, a covid 19, vem para nos ensinar a sermos mais humanos. Estávamos nos esquecendo disso. A covid 19 colocou todos no mesmo patamar, nos mostrou que não tem ninguém melhor do o outro.  Diante desta pandemia, o “deus dinheiro” não pode salvar como muitos enganosamente pensavam que poderiam acontecer.

O senhor como Padre tem a sua proximidade com Deus de forma íntima, e leva todo conforto para seus fiéis. Qual A sensação de ter que chegar até a essas pessoas em tempos como esse?

O exercício do ministério presbiteral nestes tempos de pandemia ficou deficiente. Confesso que me senti impotente. O povo precisando de nossa presença espiritual, sobretudo na partida dos seus entes queridos e isso era impossível de realizar, mas essa realidade fez com que a gente rezasse de forma mais intensa por essas pessoas. Procurei me manter ligado a eles através da oração e por meios de mensagem de texto via whatsapp e ligações. 

Foto: Arquivo pessoal Padre Adilson

Olhando para frente, o que podemos tirar de aprendizado de tudo que estamos passando?

Penso que esta pandemia nem tudo é espinho, ela tem sua dimensão pedagógica.  Ela nos ensina uma lição valiosa sobre a empatia o cuidado. A empatia foi expandida para além dos nossos ambientes familiares e amigos.  Exigiu de nós o cuidado até mesmo de quem a gente menos conhecia. E foi assim que no Brasil e no mundo, a solidariedade se tornou uma das principais  armas contra a pandemia.

Muitas empresas reorganizaram suas atividades para ajudar na produção de máscaras e álcool em gel. A onda solidária chegou até mesmo em gestos simples como fazer as compras para os vizinhos mais velhinhos, para que eles não precisem se expor ao risco de contágio.

 O Coronavírus nos mostrou que a saúde humana depende em muito de um meio ambiente saudável. É notável que, a redução das atividades durante a quarentena fez com que as águas ficassem mais cristalinas e a qualidade do ar melhorasse. A natureza nos mostrou que do jeito que estávamos vivemos não dá pra continuar. É hora da humanidade abraçar a missão urgente de cuidar do nosso planeta e, assim, cuidar de nós mesmos. Um relatório da ONU apontou que cerca de 70% das doenças que surgiram desde os anos 1940 tiveram origem animal, assim como o novo coronavírus. E o motivo disso foi a degradação do meio ambiente causada pela derrubada desenfreada de florestas, produção agrícola  e comércio de animais silvestres.

Talvez a lição mais importante que podemos tirar de tudo isso, é que não podemos mais tratar a saúde humana, animal e ambiental de maneira isolada. Afinal, fazemos parte de um todo chamado Terra. O que Leonardo Boff denomina de “aldeia comum”. Casa comum.

Nesse momento, mais do que refletir, temos que agir! A pandemia causada pelo coronavírus já nos ensinou que cada escolha individual faz toda a diferença para a sociedade e também para o planeta. Ao transformarmos velhos hábitos, podemos nos tornar cidadãos mais conscientes para cobrar medidas mais firmes de responsabilidade ambiental, tanto dos governantes, quanto das empresas. Afinal de contas, o que está em jogo é o próprio futuro da humanidade, não somente um futuro de alguns.

Como sociedade, a lição que fica é a de que precisamos de um olhar mais humano e ouvidos mais atentos. Dessa forma, conseguiremos ouvir as vozes de cientistas, enfermeiras, catadoras, caixas de supermercado e tantas outras profissionais que, mesmo com medo, continuaram trabalhando para garantir o bem-estar coletivo.

Como será o mundo depois que tudo isso passar?  Certamente não seremos mais os mesmos. E isso pode ser ótimo. Não precisamos voltar àquilo que era considerado “normal”.  Até mesmo porque o planeta já nos mostrou que do jeito que estava não dá mais pra continuar.

Neste cenário, as mudanças que estamos passando podem trazer inspiração para estilos de vida mais saudáveis e sustentáveis. Afinal, já estamos vivendo os benefícios de escolhas mais conscientes durante a quarentena.

Diante de tudo isso, é urgente que busquemos um novo “normal”. Com alternativas econômicas mais sustentáveis pautadas na colaboração, solidariedade e respeito à nossa casa comum, chamada de planeta para o surgimento de outro mundo possível. Procure conhecer a obra “O Bem Viver” de Alberto Acosta e a “A economia Donut” de Raworth.

Foto: Arquivo pessoal Padre Adilson
Pode deixar uma mensagem de conforto para as pessoas que perderam seus entes queridos para essa doença?

Transmito a essas pessoas que tiveram parentes ceifados pela covid 19 uma mensagem de esperança de que Deus é o remédio que cura todas as feridas. Não pensem que isto seja um castigo de Deus. Deus jamais usa de maldade para com os filhos. Se fizesse isto negaria a si mesmo, pois Ele é amor. Neste deserto que estamos passando, onde encontramos inúmeros sofrimentos, somos convidados a buscar o nosso Deus, o seu auxílio a sua ajuda, pois Ele caminha conosco. Tente olhar o sofrimento por maior que seja com o olhar de Jesus.  Um olhar de confiança no Pai. Por isso, apesar da cruz pesada, não deixem de acreditar em Deus. Foi isso que Jesus fez diante do maior sofrimento, o de ser morto confiando no Pai.

Papo com o Artista - "Um dedim de prosa" - Felipe Gusmão

  Por Allef Heberton - Colunista do Studio 33 Em Foco

Bom dia, boa tarde, boa noite ou boa madrugada, tudo depende do horário que você estiver lendo essa matéria.

No dedim de prosa com o artista dessa semana, trago uma entrevista com Felipe Gusmão, que tem 22 anos e é técnico em enfermagem. Nos últimos anos ele se fez presente na cultura de Itinga. Participou de filme, teatro, lives e shows.

Nos últimos anos a gente viu uma presença constante sua na cultura de Itinga. Como é participar dos projetos artísticos da cidade?

Eu não sabia que iria me identificar tanto com esse meu lado artístico, agora vi que gosto muito e é muito bom fazer parte da cultura da nossa cidade. Quem sabe um dia representar Itinga por ai.

Você desde sempre foi muito ligado a música, hoje faz parte dos teatros e até fez um filme. O que é mais fácil, tocar em um carnaval ou apresentar um espetáculo para milhares de pessoas na sexta-feira da paixão?

É sempre muito difícil apresentar para pessoas. Acho que até os grandes artistas sentem aquele frio na barriga quando sobem em um palco e olham aquela multidão. A expectativa deles para com o nosso trabalho é grande. Os dois tem seu peso, não consigo diferenciar.



Você trabalha como técnico em enfermagem e nas horas vagas se joga na cultura. Isso te ajuda a fugir um pouco dessa realidade que vivemos hoje?

Ajuda e muito! O setor onde trabalho mexe muito com psicológico, e deixa a gente muito cansado. Vendo tudo isso que está acontecendo no nosso país até mesmo na nossa cidade, o mundo artístico me ajuda a relaxar e esquecer um pouco,  porque vivo preso em um lugar onde vejo pessoas sofrendo, então preciso me alegrar, dar uma fugida desse caso. A cultura faz isso!

Se você pudesse escolher um momento vivido no mundo artístico, qual seria?

Primeira vez na paixão de Cristo em 2018! Mais de 700 pessoas na Praça. Momento incrível!

Paixão de Cristo. Como estamos em tempos de pandemia, resolvemos gravar um filme. Infelizmente tivemos que pausar os ensaios e a gravação por um tempo. Como está sua expectativa para as retomadas do processo e a estreia do filme?

A expectativa é muito grande, já estou ansioso para gravar e depois assistir milhares de vezes como foi a estrela de Belém (risos). A gente queria muito entregar o filme na data certa para todos, mas estamos passando por um momento delicado e a prevenção é o melhor remédio. Vamos aguardar mais um pouco, mas em breve faremos o lançamento oficial.


Veja um pouco do trabalho do Felipe Gusmão como Percussionista no CarnaItinga:



Feliciana - A Santa do Povo

Por Allef Heberton - Colunista do Studio 33 Em Foco

 Oioi, Gente! 

Vocês já ouviram falar da história da escrava Feliciana? Se sim, nada melhor que relembrar. E se não, chegou o momento de conhecer um pouco da história que há anos,  intriga,  faz refletir, rezar e comemorar a sua alma na nossa cidade.

Ela nascera numa senzala na comunidade de Pasmado Empedrado no município de Itinga-MG na primeira metade do século XIX. Entre seus 17 a 20 anos de idade, se tornou uma bela mulher, que atraia olhares dos senhores fazendeiros daquelas redondezas. Possuía muita bondade, fraternidade e caridade, despertando no seu senhor de engenho: desejo e admiração. Porém, a esposa Joaquina, senhora cruel, sentido-se ameaçada, tratou de eliminar da forma mais impiedosa qualquer vestígio de insegurança para seu matrimônio. Certo dia, a Senhora Joaquina, ordenou que a escrava Feliciana fosse apanhar lenha e acendesse o forno para assar uns biscoitos, obediente, cumpriu a determinação. Horas depois, quando o forno já estava quente como "fogo do inferno", a senhora mandou os escravos pegarem Feliciana, chicoteá-la até seu sangue rolar pelo chão. Em seguida, levou o corpo para o forno quente e trancou-lhe!

Fotos: Facebook da associação quilombola social e cultural Escrava Feliciana

 Os escravos com os corações dilacerados pela dor e crueldade, nada podiam fazer para impedir, pois a senhora ficara vigiando cada golpe deferido. Até o momento de deposita-la naquele forno, só se retirou quando terminou sua vingança de mulher enciumada, saiu dando gargalhadas de prazer pelo mal cometido a jovem Feliciana.

A desolação tomou conta da senzala, a angústia no coração daqueles negros - escravos, foi desesperadora, porém, um dos escravos não aguentando mais, se dirigiu ao forno e sem que ninguém percebesse, abriu a porta do mesmo. Feliciana saiu em disparada, embreou-se pelo mato adentro, soltando gritos amedrontados a todos que ali se encontravam, inclusive na casa grande.

Passou-se três dias e ninguém tinha notícias da escrava, mas um vaqueiro procurando seu bezerro que havia desgarrado do rebanho, ouviu uma melodia encantadora vinda de longe. Um cheiro agradável e puro lhe chegava pelo vento, atraído pela fragrância desconhecida, foi acompanhando o aroma e o som melodioso até se deparar com uma lagoa, aproximou-se e viu sobre as águas o corpo da Escrava. O vaqueiro foi pedir ajuda para três escravos para retirarem o corpo da água, ao chegarem depararam com borboletas e pássaros que  entoavam  seus cantos sem parar ao redor do seu corpo.

Túmulo verdadeiro da escrava - Foto: Foto: Gilvan Gonçalves/Documentário

Os quatro homens tiraram o corpo de dentro da água e o enterraram a uns duzentos metros da lagoa. Junto ao túmulo, plantaram árvores, e enfiaram uma estaca de madeira para marcar o local, o que facilitaria quando parentes e amigos pudessem visitar o túmulo.

Túmulo doado por um médica, após milagre alcançado - Foto: Foto: Gilvan Gonçalves/Documentário

Algum tempo se passou e nas folhas da árvore plantada perto do túmulo, começou a aparecer inscrições que os escravos não entendiam. Eles arrancavam folhas e mostravam aos Freis Capuchinhos missionários, que passavam constantemente, estes guardavam e os recriminavam ordenando que esquecessem aquele lugar, mas os escravos sabiam que havia algo de especial naquelas folhas e começaram a usá-las no preparo de chás, cicatrizantes de feridas e curar doenças de quase todos os males. Todas as bençãos que se pedia a alma da Friciana, realizava-se. As bençãos alcançadas através de Feliciana foram aumentando ano, após ano, suas histórias e suas curas atravessaram décadas até os dias atuais, sempre relatada a injustiça cometida com a jovem negra.

Existem vários relatos de graças alcançadas, os romeiros vão periodicamente visitar seu túmulo para pagar promessa. Neste local foi erguido uma capela para aquela que o povo considera como Santa, mesmo a igreja não reconhecendo há celebrações e cultos em sua devoção!

Texto e pesquisa: Jô Pinto

 

Que história pesada e cheia de fé, não é mesmo?

O túmulo da Feliciana é visitado todos os anos pelos romeiros e por pessoas que saem para pagar promessa. A Igreja católica não reconhece Feliciana como santa, mas isso nunca foi empecilho para que os párocos celebrassem a sua alma junto ao povo que têm a sua fé!

 Gostaram? Contarei mais histórias, estórias e lendas aqui no meu cantim.

Abraços!